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Archive for the ‘História’ Category

Livro antigo, daquele estilo ‘grandes homens’, meio biográfico, meio analítico. Apesar do caráter laudatório, não é de todo ruim. Uma leitura leve, instrutiva no factualismo básico durante o governo do cardeal. Esse tipo de livro de história também é bom por causa das curiosidades, pelas quais esses historiadores de escrita tradicional parecem ter uma queda, por exemplo: Richelieu, de cama, era alimentado de hora em hora com uma colherada de gema de ovo. Que curioso, não? Será que era uma gema inteira em cada colher? Talvez isso merecesse uma nova pesquisa.

O que move os acontecimentos, nesse livro, ao que me pareceu, são os ciúmes, os sentimentos, as rivalidades pessoais entre as pessoas de projeção. Na leitura, isso nem sempre é ruim: se o historiador souber escrever de verdade, a abordagem da história sob a forma de enredo trágico (ou mesmo cômico) pode ser ótima para o resultado final do livro, pode até instruir mais facilmente sobre as intrigas e dilemas cuja força não nos parece muito nítida hoje; se não souber, porém, pode ser ridículo. Esse livro é um meio-termo.

Edição: Zahar, 1963. Tradução de Waltensir Dutra.

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Esse é um dos melhores livros de história que já li até agora, se não o melhor. Embora seja bem pequeno, consegue o que poucos livros de história conseguem: fornecer, ao mesmo tempo, uma instrução básica sobre um contexto e uma análise profunda de determinados aspectos. E mais: esse aprofundamento é de uma criatividade genial.

Apostolidès propõe uma análise do funcionamento do Estado sob Luís XIV, levando em consideração, sobretudo, duas dimensões: as bases imaginárias sobre as quais repousa a ideia de monarca absoluto, desenvolvidas magistralmente no capítulo sobre a mitistória, e a difusão da luz real pela subcultura cortesã e pelas artes do período. Na segunda parte do livro, o reino de imaginação e simbolismo de Luís XIV assume certa autonomia, um aspecto de máquina, momento que, segundo o autor, o corpo simbólico do rei ultrapassa seu corpo real. No desenrolar desse enredo em que o rei, de maquinista, torna-se ele mesmo máquina, o leitor também presencia a transformação do saber que caracteriza a época clássica, e que culmina, após a querela dos antigos e modernos, na criação paulatina de campos autônomos como a história e a arte, liberados da carga mitológica do início do século embora ainda tributários do financiamento real.

Edição: José Olympio, 1993. Tradução: Cláudio Cesar Sanloro.

 

Charles le Brun, A queda dos anjos rebeldes, 1680.

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Mais um livrinho de Marcos Antônio Lopes, autor de Voltaire Literário, Voltaire Político e Voltaire Historiador. Anterior a estes de uns dez anos e sobre um tema mais recuado no tempo, A imagem da realeza é uma introdução acerca da monarquia francesa do século XVII. Sem grandes pretensões, serve bem a mostrar com brevidade os princípios que fundamentam o poder absoluto, mas passa praticamente em branco pela literatura e pela arte, carne do simbolismo monárquico.

Edição: Ática, 1994.

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Esse livro traz anotações de Lucien Febvre relativas aos cursos por ele ministrado entre 1945 e 47 acerca do tema que o título refere. Cada capítulo diz respeito a uma aula, e o livro percorre um trajeto que vai das considerações gerais sobre o sentimento da honra e o conceito de pátria a seu estado nos ano 40, os turbulentos tempos que inspiraram a meditação de Febvre.

Escreve divinamente. Se mesmo nessas anotações que talvez nem fossem para ser publicadas, se mesmo pelo filtro da tradução, resiste uma qualidade que salta, uma beleza de ímpeto, quem dirá em alguma obra grande como Combats pour l’Histoire, que ainda não tive a chance de ler? Só li algumas outras coisas soltas de Febvre, que mal lembro de onde eram, mas digo que é um de meus historiadores prediletos.

Os capítulos que tratam do nascimento medieval da honra e de sua transformação na aurora da modernidade são os melhores. Há momentos geniais, como a relação que o autor faz entre o sentimento de fidelidade oriundo do laço de vassalagem e a moral cristã no nascimento do juramento por honra. Outra parte que me impressionou foram as considerações sobre a tradição espanhola no capítulo sobre o Cid, de Corneille.

Mas Honra e pátria tem muitos defeitos. Sobretudo, parece, ao fim, um livro fraco, sem muito a acrescentar. E há perigo de o leitor fazer um mau julgamento do autor se não tiver consciência de que a obra foi montada com anotações esparsas encontradas postumamente.

Edição: Civilização Brasileira, 1998. Tradução: Eliana Aguiar.

 

Viktor Vasnetsov, Um cavaleiro na encruzilhada, 1878.

 

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Depois de parar de postar sobre leituras durante mais de um mês, tenho uma pilha de coisas sobre as quais escrever. Por isso, será bem pouco sobre cada uma.

Nunca tinha lido um livro inteiro de Peter Burke. Gostei bastante desse; não é maçante como alguns outros historiadores, pois procura agradar ao mesmo tempo que instrui. Como o autor se utiliza bastante da análise de imagens, e a profusão das figuras dessa edição responde à necessidade do leitor, é um livro realmente prazeroso de ler. O assunto é a construção do espectro mítico de Luís XIV por meio da intensa propaganda que, durante todo seu reinado, buscou firmá-lo na posição de monarca absoluto. Então, Peter Burke passa, ainda que brevemente, por diversas artes da época, da medalhística à arquitetura. O modo intensivo da publicidade relativa ao rei justifica o título da obra, uma legítima fabricação. Há, também, um interessante capítulo sobre as obras críticas a Luís XIV, evidenciando o lado reverso da glorificação e mostrando como esse discurso de oposição contribuiu para a decadência da imagem do soberano inviolável.

Edição lida: Zahar, 1994.

 

Nicolas Coypel, Embaixada persa diante de Luís XIV em 19 de fevereiro de 1715, 1715.

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É um livro muito famoso, de que eu ouvia falar desde os primeiros tempos da faculdade. Robert Darnton escreve de maneira descontraída e de forma a de forma a salientar o curioso do que analisa. Isso, certamente, é mais evidente em O grande massacre de gatos, mas em Boemia literária e revolução, no esforço que faz para seguir o rastro da subliteratura iluminista, sua abordagem um tanto antropológica faz do insólito que há na carreira dos candidatos à celebridade no XVIII o protagonista de sua narrativa.

A quem gosta da literatura do século XVIII, é uma leitura interessante por assinalar o fosso, não ideológico mas de perspectiva, entre o underground literário e a aristocracia do pensamento das luzes. Com essa distinção, Darnton pretende indicar uma ligação mais viva entre nossas ideias de Iluminismo e Revolução Francesa. As obras de autores que nunca alcançaram grande projeção, segundo o historiador, estão repletas de injúrias contra o seleto grupo dos philosophes, forjando mesmo uma guerra entre baixo e alto iluminismo, cenário onde proliferaram a pirataria e a falsificação, a panfletagem, a pornografia e a difamação características da baixa literatura. O ponto crucial do trabalho de Darnton é ver que foi nesse ódio que o espírito jacobino adquiriu seu caráter emocionalmente radical. O jacobinismo estaria mais proximamente relacionado à boemia literária do que à revolução de pensamento empreendida pelos grandes pensadores encabeçados por Voltaire, Diderot e d’Alembert. Assegura que cada campo merece seu lugar nas origens da Revolução, mas evidencia como o espírito revolucionário se deslocou para o submundo quando o alto iluminismo se institucionalizou.

Edição: São Paulo: Companhia das Letras, 1987. Tradução: Luís Carlos Borges.

 

Jean-Honoré Fragonard, Inspiração, 1769.

 

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Não li muito de Victor Hugo ainda. Dois romances, uma novela e uma recolha de poemas. Mas ele tem sido o escritor de minha vida; jamais me envolvi tanto em uma leitura como quando li suas obras. Na verdade, sua escrita se presta bastante a isso, como a de todo bom romântico. Dias atrás, li um dos capítulos do livro de Robert Darnton, O grande massacre de gatos, sobre a mudança da relação entre autor e leitor operada em Rousseau. É muito interessante, uma daquelas coisas tão óbvias que nos escapam. Em Voltaire, por exemplo, os personagens são instrumentos do escritor para a transmissão de suas ideias, de sua mensagem, de sua tentativa de alcançar uma beleza elevada, etc, e o leitor o testemunha; em Rousseau, para Darnton, as coisas mudam porque a riqueza está na entrega do autor, de modo que sua obra transmita sua subjetividade e que o leitor, para aproveitá-la, tenha ele também de entregar-se às emoções que a obra suscite. É uma coisa que talvez, hoje, seja banal, mas ajuda a não esperarmos de classicistas o que eles não queriam dar e a explicar um pouquinho por que é tão fácil ter afetos pela literatura romântica.

Hugo é um gigante em sua grandiloquência. As visões do infinito encontram em sua obra caracterizações fantásticas. Certamente, nem tudo é liberação de gênio, podia escrever tão impecavelmente quanto um clássico, seguia um metro, tinha um estilo, era um esteta meticuloso. Mas acho que seu tesouro está em seu idealismo. Em relação aos homens, à literatura, a tudo. Esse idealismo, ele o apresenta bem neste texto, prefácio à peça Cromwell, Do grotesco e do sublime, tido como o marco inicial do romantismo francês, de 1826.

Evidentemente, não vou resumir a mirabolante história da cultura que Hugo cria, dividindo a produção humana nos tempos entre lírica, épica e dramática, sendo a última a modernidade literária, época do gênio romântico e da mistura dos gêneros. É um texto pequenino, embora esteja além das dimensões de um prefácio normal. Sua proposta e sua beleza é que são enormes. Chamou especialmente a minha atenção de estudante de História o fato de Hugo situar a História na segunda fase dessa evolução dos gêneros. Para ele, a História, como gênero literário e ramo do conhecimento, é uma das formas da epopeia. Permite-se tal associação sob a alegação de que a cronologia não expulsa a poesia, e Heródoto é também poeta épico. A diferença, para mim, é que, enquanto para Victor Hugo a Poesia é uma criação revestida de vida natural, uma ilusão com prestígio de verdade, a História, talvez seja possível dizer, é uma vida revestida de criação, uma verdade com em forma de ilusão. Daí a afirmação do autor de que a finalidade da Poesia seja a criação, e a da História, a ressurreição. Certamente, há nisso toda a riquíssima filosofia da história que desponta no romantismo e que é, com efeito, o épico disso tudo.

O prefácio está publicado em um livrinho separado, de tradução de Célia Berrettini, pela Perspectiva. Achei excessiva a preocupação didática das numerosas notas de rodapé.

The Grove or Admiral's House, John Constable, 1822.

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Voltaire Literário é parte da sequência completada por Voltaire Político e Voltaire Historiador, lançada pelo professor Marcos Antônio Lopes. Também tenho os outros dois, pretendo ler em seguida. São todos pequenos, de menos de 150 páginas, e poderiam mesmo fazer um só volume. Aliás, li em algum lugar que esse três livros são, originalmente, a tese de doutorado do autor, chamada Voltaire: a História, o Príncipe e a Virtude.

Basicamente, Voltaire Literário trata dos aspectos historiográficos presentes nos contos do filósofo. São cinco capítulos, organizados tematicamente, que buscam demonstrar que, nesses contos, há mais do que divertimento, ridicularização e ataques à Igreja. Com certeza, como em toda sua obra, a ficção de Voltaire é repleta de características circunstanciais, que estavam, perfeitamente, nos propósitos do autor. O que o professor Marcos Antônio parece fazer é evidenciar, por trás desses aspectos rasos do texto, relacionados, por exemplo, à bajulação da duquesa de Maine ou ao escárnio de jesuítas, o debate teórico que se desenrolava sobre como se deve escrever a história.

Voltaire participa da transformação que, no século XVIII, se definiria como uma espécie de secularização do pensamento histórico, no sentido de que a história providencialista, representada, entre outros, por Bossuet, sofria, nas palavras do professor, a pressão de impactos particularmente mortais. Nosso filósofo leva ao ridículo a tradição mostrando suas incoerências da maneira, digamos, menos delicada, como em Os Ouvidos do Conde de Chesterfield e o Capelão Goudman, Memnon e Zadig.

As formas que Voltaire dá a seu pensamento sobre história, nos contos, estão contidas no carrossel de desventuras por que passam seus protagonistas. Apresentar a evolução humana como um acúmulo de erros levados a cabo pela ambição desenfreada e o fanatismo dos homens é o modo como o filósofo faz, em Cândido e Zadig, por exemplo, passar diante dos olhos das personagens o mundo como ele é. A exagerada pretensão realista de Voltaire, que, para mostrar que este não é o melhor dos mundos, mostra que é o pior, parece ser uma resposta à visão idealista da história sagrada, e, na verdade, a qualquer visão que esconda do homem seu destino funesto nesse vale de lágrimas.

Para o Príncipe das Luzes, a história carece de sentido, pouco mais é que séculos e séculos de corrupção, vício e pretensão, entrecortados por pequenos períodos de grandeza encabeçados por homens como Júlio Cesar e Luís XIV. O único progresso que há, e isso torna desesperadoramente lenta a evolução humana, é levado a cabo por espíritos esclarecidos, que possuem uma visão acima da comum dos homens. Tal interpretação da história insere Voltaire, segundo a tese do professor Marcos Antônio, na tradição historiográfica clássica, pois se por um lado a presença de Deus na história do homem é combatida, por outro o providencialismo é posto nas mãos de monarcas ilustrados. Assim é que o personagem do príncipe figura na maior parte de seus contos, de modo que tais estórias possam ser colocadas na memória dos espelhos de príncipes, mas em formato iluminista. Isso faz com que a ruptura proposta por Voltaire em relação ao pensamento tradicional, embora tenha tido um valor imenso, não tenha sido total.

Humanizando os monarcas consagrados, destruindo mitos religiosos e nacionais, expondo as mazelas dos homens nesse mundo deveras prosaico, os contos de Voltaire são a imagem da ficção iluminista que constitui, em sua guerra à tradição, como diz Paul Hazard, citado por Marcos Antônio Lopes, a maior modificação que a literatura alguma vez terá sofrido. Talvez isso explique por que o autor tenha preferido os contos, uma vez que a obra ficcional de Voltaire seja muito maior que o número de contos que escreveu, compreendendo muito de poesia, epopeia e teatro. Talvez os contos filosóficos, sendo um gênero praticamente inventado pelo filósofo no calor do combate, correspondam mais facilmente às expectativas do autor acerca da relação entre filosofia e literatura. O conto voltairiano, de fato, se presta melhor a ilustrar o deslocamento operado na literatura iluminista, quando a estética dá lugar à crítica, ao chicote banhado em sal e vinagre (adorei essa expressão). Apesar de tudo o que os contos oferecem, eles não são, no entanto, mais que uma parte do Voltaire literário.

Ilustração para Zadig, ou O Destino. s/d

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Uma biografia de Joana d’Arc é coisa de se estranhar. Não precisa ser um grande conhecedor de História para saber que a Donzela de Orléans é um daqueles personagens cuja vida oscila entre os fatos e o mito. Embora seja impossível dizer que Joana d’Arc não tenha existido, praticamente tudo o que se fez a seu respeito corresponde a imagens condicionadas pelas tendências artísticas (entre outras tendências) dos séculos adiante  – aliás, para a categoria ‘Ainda não li: Joan of Arc in French Art and Culture: 1750 – 1855, Nora Heimann.

O estudo de Colette Beaune pretende, no entanto, analisar as representações que se fizeram de Joana d’Arc durante sua vida. E, com isso, demonstra que as imaginações sobre a heroína francesa povoaram mentes já durante sua existência. Santa, feiticeira, guerreira, bruxa, prostituta são estereótipos da época e, se pensarmos bem, compreendem tudo o que será feito depois a respeito da Donzela. O fato de ter sabido tão bem compreender as idéias dos contemporâneos a respeito de Joana não faz com que Beaune caia no engano contrário, e faz uma erudita demonstração das santas anteriores, guerreiras ou não, que tornaram fértil o terreno que veria nascer o mito de Joana. Ademais, não deixa de mencionar as virgens guerreiras que vieram após 1435, no historiador esforço de mostrar que Joana não foi única.

O livro se organiza em três partes, referentes a três fases da vida da protagonista. Em cada parte, os capítulos abordam de forma bastante ampla temas associados à santa. Isso resulta, para além de numa boa biografia, num apanhado de temas medievais muito interessantes. Porque, de fato, Colette Beaune faz da biografia de Joana d’Arc um ótimo livro de história do século XV. Isso, sob critérios historiográficos, atesta a competência de seu esforço.

É claro que (embora eu, como estudante de História, devesse ser vacinado contra isto) as divagações em torno de detalhes ao meu ver desprezíveis, o eterno receio de conclusões precipitadas e a busca pela exatidão factual me irritaram um pouco durante a leitura. Ambos, no entanto, são motivos do gênero biográfico, de modo que eu já deveria esperar esses pequenos atritos ao abrir o livro. Portanto, nada disso compromete a qualidade do estudo. É um bom livro.

Jules Bastien-Lepage, Jeanne d'Arc (1879).

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Quando peguei o livro de Lepape, esperava uma biografia de Voltaire, uma biografia simples, que me informasse sobre o que de mais saliente se sabe da vida do filósofo, umas interpretações, contextualizações, etc. Mas acabei me deparando com uma obra magnífica de história intelectual do século XVIII.

Partindo da imensa trajetória do escritor, Lepape estende sua análise à transformação do conceito de homem de letras em curso na época. O comprometimento filosófico na luta contra as superstições que mascaram a crueza das coisas tornou-se tão generalizado que transformou a própria idéia de filosofia. O intelectual por excelência, personagem moderno, teria nascido da relação entre esse comprometimento e o estatuto tradicional de homem de letras. É interessante que, mesmo fazendo uso nítido de polarizações entre tradição e novidade, o livro não cai na vala do maniqueísmo redutor. As reflexões, por exemplo, sobre cortes e salões, ou sobre imprensa autorizada e ilegal, não fazem uso de conceitos mofados da historiografia acadêmica e praticamente não há discussão em torno de nomes. O que muito me agrada.

Fluindo quase naturalmente, a obra faz apresentações invulgares sobre as personalidades mais relevantes da intelectualidade coetânea que participou direta ou indiretamente da vida do filósofo, como Montesquieu, Jean-Baptiste Rousseau, Diderot, d’Alembert, La Beaumelle, Fontenelle, Beaumarchais, Jean-Jacques Rousseau, Malhesherbes. De modo que ficamos com a impressão de que a biografia de Voltaire é uma espécie de biografia do século, justificando o fato de a tradição ter chamado ao século XVIII o século de Voltaire.

Mas não é, como pode parecer por minha apresentação desajeitada, um catálogo de clássicos que pretende ser uma reflexão geral sobre um século inteiro. É uma obra modesta, curta, despreocupada em relação às lacunas que uma abordagem honesta necessariamente deixa. Mas também é uma obra gigante, apoiada em documentos, e que trata de assuntos realmente interessantes, como a formação da opinião pública, a preservação da celebridade, e muito mais.

 

Jean Huber, Voltaire racontant une fable.

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