Li com atraso a Poética, era impossível adiar mais. É bem curtinha e simples, o que me fazia adiar é a mesma razão que me faz às vezes evitar Shakespeare: o medo de que aquela edição seja ruim, o que, no caso de grandes clássicos, é provável. Assim, li pouco Shakespeare, pouco Aristóteles, pouco Sófocles etc. Mas ler a Poética era uma necessidade, então peguei a edição que tenho mesma, que depois leio outra melhor.
De Aristóteles, li tempos atrás a Retórica. E, agora, a Poética. Na verdade, nem há o que dizer, tão básica é a leitura desse filósofo nas áreas humanas. A Retórica foi para mim quase que um tratado sobre a natureza humana; a Poética, um ótimo referencial para qualquer leitura de ficção. Claro que sei: Aristóteles escreveu para seu contexto etc, mas o fato de sua obra ter tido a importância que teve na história da cultura, sobretudo a Poética, garante a validade de seu uso como referencial. Até o século XIX, esse livro era onde a grande maioria dos poetas ia buscar instrução, e, se não o seguiam de maneira absoluta, permaneceram-lhe sempre grandes tributários. Vários outros tratados poéticos foram escritos, principalmente a partir do século XVI, a maioria com base em Aristóteles, mas nenhum foi tão lido. O filósofo estabelece preceitos um tanto difíceis de refutar acerca dos gêneros épico e dramático. Fundamental e muito bom de ler.
Edição: Abril, 1999. Tradução: Baby Siqueira Abrão.